Motos cinquentinha na mira do Governo
As motos de 50 cilindradas, mais
conhecidas como cinquentinhas, já respondem por 30% dos acidentes com
motocicletas em Pernambuco. E o que é mais grave: as vítimas são crianças,
adolescentes e idosos, que têm feito uso livremente desses veículos mesmo sem
estarem habilitados ou usando os equipamentos de segurança. Os números são do
Comitê de Prevenção aos Acidentes de Moto em Pernambuco (Cepam) e, embora
assustadores, não parecem chocar o poder público, já que o tempo passa e as
cinquentinhas continuam sem qualquer tipo de fiscalização no Estado.
Há pouco mais de um ano, diante
da inércia das prefeituras em decidir assumir o emplacamento das 50 CC, como
previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o governo do Estado, por meio
da Operação Lei Seca, começou a abordar condutores desses veículos e, ao
flagrá-los sem habilitação ou capacete, passou a apreender as motos. Pelo menos
500 já foram apreendidas, mas depois que os proprietários pagam os custos do
depósito do Detran, voltam às ruas.
Alertada pelo Comitê, a
Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife estaria elaborando uma
legislação para começar a cobrar o emplacamento dos veículos. “Eu enviei
pessoalmente um relatório ao secretário João Braga alertando sobre as
consequências da omissão das prefeituras diante dessa questão e ele me garantiu
que iria assumir o emplacamento das cinquentinhas. É uma decisão, inclusive,
que já vem tarde. Que as prefeituras não fizeram até hoje por pura negligência.
É uma decisão política. Apenas”, critica o presidente do Cepam, o médico João
Veiga.
A falta de emplacamento das cinquentinhas dificulta a fiscalização e,
consequentemente, facilita a impunidade. O resultado são acidentes cada vez
mais graves. Os condutores são crianças, adolescentes e idosos que não têm
habilitação e dirigem de qualquer forma, andando sem capacete, na contramão e
nas calçadas. Esses dois últimos hábitos têm provocado um aumento na quantidade
de atropelamentos de pedestres, pegos de surpresa por esses veículos. Para
piorar ainda mais, muitos motoristas estão adulterando o motor dessas motos,
turbinando-as para usar, inclusive, em assaltos, já que não possuem placas.
Precisamos dar um basta nisso.
O PREJUÍZO DAS CINQUENTINHAS
30% dos acidentes com motos em
Pernambuco envolvem motos de 50 cilindradas
130 mil cinquentinhas estão
registradas na Secretaria da Fazenda de PE, mas o Estado estima que esse número
seja pelo menos 60% maior.
44% das mortes por acidentes
terrestres no País são causadas por motocicletas, entre elas estão as
cinquentinhas.
* O que diz o Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) Lei 9.503/1997
Art. 24 Compete aos órgãos e
entidades executivos de trânsito dos Municípios, no âmbito de sua
circunscrição:
XVII – registrar e licenciar, na
forma da legislação, ciclomotores (50 CC), veículos de tração e propulsão
humana e de tração animal, fiscalizando, autuando, aplicando penalidades e
arrecadando multas decorrentes de infrações;
Art. 25. Os órgãos e entidades
executivos do Sistema Nacional de Trânsito poderão celebrar convênio delegando
as atividades previstas neste Código, com vistas à maior eficiência e à segurança
para os usuários da via.
* O que aconteceu no Recife:
Em 2010, o Sindicato dos
Trabalhadores de Moto, Motoqueiros e Motoboys (Sindimoto) pediu suspensão do
emplacamento dos ciclomotores por parte do Detran-PE, que estava autorizado
(mediante convênio) pela Prefeitura do Recife a proceder o emplacamento dos
veículos. A sentença determina que o Detran-PE não pode registrar, licenciar e
nem fiscalizar os condutores das cinquentinhas, devido à ausência de uma lei
municipal específica. Entende-se que o município precisa criar uma lei
específica para que haja esta delegação de competência do emplacamento de
cinquentinhas.
* O que acontece no Congresso
Nacional:
Projeto de Lei 4595 de autoria de
deputado Hugo Leal, o mesmo da Lei Seca
Altera o inciso XVII do art. 24 e
o art.129 do CTB e retira da competência dos órgãos de trânsito dos municípios
o licenciamento e registro de ciclomotores. Já foi aprovado na Comissão de
Viação e Transportes, seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça e de
Cidadania.
Fonte: Cepam/Detran-PE/Congresso
Nacional
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