INSS culpa falta de pessoal e de tecnologia por atraso nas aposentadorias
O Instituto
Nacional de Seguridade Social (INSS) acumula mais de 800 mil
pedidos de aposentadoria, pensão, salário-maternidade ou benefício
assistencial com mais de 45 dias de atraso. Segundo fontes seguras,
Edison Garcia, o INSS consegue dar vazão a apenas metade dos pedidos que entram
mensalmente.
Segundo informações divulgadas pela direção do Instituto, há 1,27 milhão de processos abertos pendentes de análise no INSS.
Aproximadamente 63,5% deles estão com mais de 45 dias de atraso – transgredindo
o prazo legal. Isso deve custar ao órgão 142 milhões de reais em custos
financeiros devido a essa demora. Em sua maioria, os pedidos atrasados são de
aposentadoria, que somam 445 mil processos parados nos escaninhos do
instituto.
A situação é tão grave que o INSS não consegue sequer agendar perícia-médica
para trabalhadores que pedem auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. O
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) decidiu que, a partir do 45º
dia, o INSS tem que pagar o benefício independentemente de ter feito o exame ou
não. Além disso, não poderá cobrar caso o trabalhador seja inabilitado a
receber o benefício.
O Rio de Janeiro e os estados do Nordeste seriam onde os
contribuintes encontrarão maior dificuldade para se aposentar. Enquanto isso,
no Sul e em São Paulo, o estrangulamento é menor.
A maior reclamação é com a falta de pessoal e com o parco orçamento para
investir em tecnologia, tudo causado por uma situação financeira caótica. Neste
ano, serão gastos 12 bilhões de reais em pessoal. Insuficiente, diga-se de passagem. Sem
poder contratar – o Ministério do Planejamento barrou o pedido de realização de
concursos –, o INSS não pode inaugurar 12 agências de atendimento, que já estão
prontas, em estados do Norte e do Nordeste, além de uma outra no Distrito
Federal. Outras 11 estão sendo concluídas, porém, não se sabe quando poderão
ser abertas, pois não haverá funcionários.
Ao final deste ano, cerca de um terço da força de trabalho poderá se aposentar
com salário integral. São 11 mil funcionários de um total de 33,5 mil que
poderão deixar de trabalhar e estressar ainda mais a estrutura do órgão.
O último concurso público do INSS foi realizado em 2015. Foram
criadas 800 vagas para o cargo de técnico do Seguro Social e 150 vagas para o
cargo de Analista do Seguro Social. Atualmente, 5.200 técnicos atuam
diretamente na análise e concessão de benefícios.
A solução seria automatizar parte dos serviços. A administração luta para
lançar um aplicativo que pode ajudar os contribuintes. O Meu INSS, que está em
fase de testes, com 120 mil usuários, permite que os cidadãos habilitados e com
documentação em dia consigam aposentadoria por idade automaticamente. Mas o
aplicativo ainda está na promessa.
Neste ano, estão disponíveis para gastos com tecnologia da informação 22
milhões de reais.
Fiscalização
Dado o tamanho do buraco de pedidos em atraso, o INSS tem tido trabalho de
fiscalizar corretamente as aposentadorias. Ainda registram-se fraudes com certafrequência. E o pior: depois de
aprovado o pedido, o INSS não pode mais acusar uma fraude, mesmo que consiga
prová-la.
É o caso dos Benefícios de Prestação Continuada (BPC), que provê um salário
mínimo para idosos e deficientes que não podem se manter sozinhos e com
famílias de baixa renda. Para alguém estar habilitado a receber o BPC, a renda
familiar não pode ultrapassar um quarto de salário mínimo por pessoa.
São 4,5 milhões de beneficiários ativos no país. “200 mil casos são de pessoas
que possuem renda alternativa”, afirma o presidente da instituição. Segundo o mesmo, o
órgão sabe dos casos de fraude, porém, não possui poder de investigação. Além
disso, a falta de cruzamento de dados entre Receita e outros órgãos e o sigilo
fiscal dificultam a investigação pelos órgãos que, de fato, possuem poder para
isso.
Na verdade, o problema do INSS vem de antigas gestões e a atual,
em sua visão, tem piorado a situação. Os problemas vinham de décadas e estima-se que com
a posse do Michel Temer, o INSS ficou sem ministério. A Previdência passou para
a Fazenda e o INSS ficou com o Desenvolvimento Social. Quer dizer, não temos um
ministro para brigar pela valorização do instituto, afirma. Tem agência que
não tem folha de sulfite para tirar cópia.
Tem agência que não tem papel higiênico. É o caos total.
Acredita-se que, a partir de 1º de janeiro, cerca de 20% das agências do
INSS podem ser fechadas. Para cobrir a demanda de pessoal, não há saída senão abrir concurso público. Não se
pode colocar terceirizado, porque ele não pode conceder o benefício, apenas
funcionário concursado e 'Assim Caminha a Humanidade..."
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