Barbosa defende indenizações pesadas em caso de biografias não-autorizadas
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa,
afirmou nesta segunda-feira (14), no Rio de Janeiro, que defende “indenizações
pesadas” em casos de biografias não autorizadas que sejam consideradas
“devastadoras”. Ele disse, no entanto, que é contra a retirada dos livros de
circulação.
Na visão de Barbosa, “o ideal seria liberdade total de publicação, com
cada um assumindo os riscos”. “Se for causado um dano, responde financeiramente
por isso”, defendeu o magistrado.
O assunto tem gerado polêmica no campo literário. Vários autores e
biógrafos criticam o posicionamento do grupo "Procure Saber", formado
por vários músicos e compositores, que defendem direitos autorais. Eles chamam
de censura a proposta do grupo de que biografias tenham que ser autorizadas e
que as personalidades retratadas sejam remuneradas.
saiba mais
Em feira, escritores falam em censura em caso de biografias
autorizadas
Comissão aprova projeto que libera edição de biografias não
autorizadas
Família de Leminski barra na Justiça a nova edição de biografia do
poeta
O grupo "Procure Saber" defende a proibição de biografias
não autorizadas pelos biografados ou por suas famílias, em caso de morte. Estes
artistas se baseiam nos artigos 20 e 21 do Código Civil Brasileiro, de 2002. O
artigo 20 determina que o uso da imagem de uma pessoa pode ser proibido ou
gerar a "indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais". Já o artigo 21,
dispõe que "a vida privada da pessoa natural é inviolável".
O grupo é coordenado por Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano Veloso,
assinado por vários artistas, como o próprio Caetano, Roberto Carlos, Djavan,
Gilberto Gil, Chico Buarque e outros.
Para Barbosa, “não há censura prévia hoje no Brasil”. “O país adotou
um tipo de Constituição extremamente detalhista. Todo tipo de direito está ali
assegurado (...) Da mesma forma que protege a liberdade de expressão, ela
protege outros direitos, como a intimidade, a privacidade, a honra, todos no
mesmo pé de igualdade. Daí esses conflitos que têm ocorrido.”
Segundo ele, que participou da 8ª Conferência Global de Jornalismo
Investigativo, determinados juízes tendem a privilegiar um direito em uma
situação e outro em outra. “Existe uma técnica chamada de ponderação de
valores.”
O presidente do STF disse que “a título de sugestão” uma possibilidade
era permitir “após dez anos da morte do biografado, escrever o que se bem
entender”. Se a pessoa ainda estiver viva e tiver a honra violada, entretanto,
Barbosa disse considerar natural um pedido de indenização. “Eu defendo
indenizações pesadas”, afirmou o ministro.
Segundo ele, os artistas não querem proibir os biógrafos de contar
suas trajetórias, e sim de divulgar detalhes da vida privada, que podem criar
uma “biografia devastadora” para pessoas ainda em atividade.
Fonte: G1.com
Comentários
Postar um comentário