Jovens pedem 2 milhões a Marco Feliciano por censura a beijo gay em culto
Duas
jovens que foram detidas em 2013 durante um culto evangélico do deputado federal
e pastor Marco Feliciano, no litoral norte de São Paulo, pedem indenização de
R$ 2 milhões ao parlamentar por danos morais. Ele ordenou a prisão a delas, que
na época eram namoradas, após um beijo durante um evento gospel.
A defesa
das duas mulheres - Joana Palhares
Pereira, de 20 anos, e Yunka Mihura, 24 anos anos -, entrou com a ação na
Justiça neste mês. Além da ação contra o deputado, também há um processo contra
a Prefeitura de São Sebastião, responsável pela segurança no local. A prisão
delas foi feita pela Guarda Municipal durante o Glorifica Litoral, show
religioso que aconteceu no município em setembro de 2013.
O
advogado das jovens, Daniel Santos Oliveira Galani, aponta na ação que a prisão
foi arbitrária, motivada por homofobia e sem embasamento legal. Ele conta que
até hoje as jovens são identificadas nas ruas e nas redes sociais, sendo
frequentemente constrangidas e agredidas.
"O
que o deputado fez naquele culto foi desrespeitar os direitos humanos,
agredindo publicamente minorias por meio de um discurso de ódio. Reuni no
processo cerca de 300 mensagens ofensivas que elas receberam só pela internet
após o fato. Elas foram ameaçadas", disse Galani ao G1.
Durante a
pregação, Feliciano viu do palco as jovens se beijando e acionou a segurança do
evento. Na ocasião, ele afirmou que elas não tinham respeito ao pai, à mãe e à
mulher. "A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas
garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui
algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é
a casa da mãe Joana, é a casa de Deus", disse Feliciano para os fiéis.
Prisão
No caso
da ação contra o governo municipal, ele aponta o uso de força excessiva da
guarda municipal e o cumprimento arbitrário da voz da prisão dada por
Feliciano. "Elas sofreram danos físicos e saíram algemadas do evento. São
duas meninas com menos de 60 quilos, foi desproporcional", afirmou o
defensor.
Uma das
jovens, Joana Palhares, acredita que a ação pode ser um divisor para todos os
homossexuais que sofrem discriminação. "Ele fez tudo aquilo achando que ia
sair impune, ele incitou a violência. É preciso frear esse tipo de atitude, não
é pelo dinheiro, mas sim pelo respeito que nós merecemos e exigimos",
afirmou.
Segundo
ela, o beijo próximo ao palco onde o pastor celebrava o culto teve como
objetivo protestar contra declarações homofóbicas do deputado. "Nós
levamos cartazes e a guarda pegou. Decidimos protestar com aquele beijo e não
havia nada de errado, o evento era público, na cidade em que eu morava até
então", disse. As duas jovens não namoram mais e vivem hoje na cidade
vizinha, Ilhabela (SP).
Outro lado
O
deputado Marco Feliciano informou, por meio de nota, que ainda não foi
notificado oficialmente da ação, mas destacou que, durante o evento, após
manifesto considerado desrespeitoso por ele, pediu para que os agentes de
segurança cumprissem seu dever para que o evento religioso pudesse continuar.
Ele
destacou que tem recebido manifestações de apoio de pessoas indignadas com a
ação e com o valor, que ele considera absurdo, atribuído como dano. "Minha
primeira atitude é de perdão, acreditando que elas não sabem o que fazem. Oro
pedindo a Deus que ilumine a vida dessas duas jovens", diz trecho do
email.
Procurada,
a assessoria de imprensa de São Sebastião, informou que também não foi
notificada do processo e, por isso, preferiu não se manifestar sobre o assunto
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