“Salada de tributos”
“Salada de tributos”
Multinacionais deixam de investir no Brasil por alto custo de energia e impostos, avaliam tucanos.
Multinacionais deixam de investir no Brasil por alto custo de energia e impostos, avaliam tucanos.
Custo alto de energia e tributos elevados são alguns dos motivos pelos quais empresas multinacionais estão deixando de investir no Brasil. Esses obstáculos fazem com que o país fique de fora da concorrência mundial e perca competitividade. Para o líder da Minoria, Paulo Abi-Ackel (MG), e para o deputado Alfredo Kaefer (PR), é necessário que o governo federal reveja o atual modelo do setor elétrico, inclusive a redução de impostos, para que empresas voltem a operar no país.
Estudo feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo” mostra que fábricas de setores eletrointensivos – em que o custo da energia é um dos principais componentes do preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose – estão fechando unidades no país ou migrando para outros locais por conta da perda de competitividade no mercado brasileiro.
Paulo Abi-Ackel lamentou o alto custo da energia no país e lembrou que a carga tributária no Brasil é uma das mais altas do mundo. “Há um enorme número de componentes de impostos que compõem uma verdadeira salada de tributos, que são incompreensíveis por parte do consumidor e daqueles que pretendem investir no país”, ressaltou.
A empresa Rio Tinto Alcan, por exemplo, está em negociação para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai. O investimento será entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produção de 674 mil toneladas de alumínio por ano. Já a Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.
A companhia Stora Enso, que abrirá em breve fábrica de celulose no Uruguai, admite que, apesar de a produtividade brasileira ser alta, essa vantagem é desperdiçada pela incidência de impostos. No caso da produção de papel, o preço do produto fabricado no Paraná é mais alto que os similares feitos no exterior.
Do valor arrecadado com a distribuição de energia, 25% ficam com a operadora e 75% são tributos que vão para os cofres da União, conforme lembrou Abi-Ackel. Para o deputado, é preciso mudar esse quadro, já que o governo arrecada muito e a empresa concessionária sai prejudicada.
“Essa é uma realidade que precisa ser enfrentada. Não há mais como permanecer essa falta de transparência em relação a quanto o contribuinte paga de imposto e nem quanto deixa de receber o investidor. O governo precisa rever modelos arcaicos. Quanto mais o país cresce, mais necessita de energia”, resumiu.
Já o deputado Alfredo Kaefer acredita que as empresas estão deixando de investir no Brasil por causa do “triângulo das bermudas”: impostos altíssimos, juros estratosféricos e política cambial arrasadora. De acordo com o tucano, esses três fatores fazem com que ocorra a desindustrialização e o país perca a competitividade. Com isso, segundo o deputado, a situação do país fica ruim e com reflexo danoso. “Há um descompasso total na política econômica”, ressaltou.
Impostos encarecem energia
→ O custo da energia no Brasil é o dobro da média mundial: cerca de US$ 60 o megawatt/hora (MWh), contra US$ 30, segundo a Commodities Research Union (CRU), consultoria internacional que acompanha preços de matérias-primas para diversos setores, como mineração, siderurgia e energia elétrica. Para se fazer um investimento no Brasil, é preciso pagar 17% em impostos.
→ A siderúrgica Gerdau Usiba, na região metropolitana de Salvador (BA), esteve paralisada por causa do alto custo da energia. A Valesul Alumínio, em Santa Cruz (RJ), ficou fechada pelo mesmo motivo.
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