Exército expede carteira militar a parceiro de sargento gay reconhecido
O primeiro companheiro homossexual reconhecido pelo Exército, devido a
uma determinação judicial, obteve nesta semana a carteira de identidade
militar, que lhe concede os mesmos direitos como dependente aos quais possuem
os casais heterossexuais.
A batalha judicial do sargento J.E.S., de 40 anos, pelo reconhecimento
do casal, durou mais de dois anos. Em agosto de 2013, o G1 divulgou com
exclusividade a decisão da Justiça Federal de Pernambuco para que o Exército
reconhecesse o estudante A.E.V.S., de 21 anos, como dependente do sargento. O
casal possui uma união estável de mais de três anos.
O sargento, que atuava na época no Centro de Telemática, em Recife
(PE), foi transferido no fim do ano passado para Rio Branco (no Acre). Na
época, o procurador regional da União Rodrigo Veloso, da 5ª Região, afirmou que
Advocacia Geral da União (AGU) não iria recorrer da decisão.
O caso transitou em julgado em outubro de 2013, mas a União entrou com
recursos relativos aos honorários. Em 10 de fevereiro de 2014, a AGU pediu que
a Justiça determinasse que o 4º Batalhão de Infantaria de Selva, no Acre, onde o
sargento está lotado, cumprisse a decisão.
O estudante, que cursa sistemas de informação na Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), em Recife, fez o pedido da carteira em março e o
documento foi retirado no comando militar de Pernambuco nesta quarta-feira
(23).
“Para nós, foi uma vitória. Já
estive no hospital militar para fazer uma consulta e está tudo certo no cadastro
como dependente. Agora, temos também o direito de entrar com pedido de auxílio
a moradia e receber um apartamento, quando ele voltar a Recife”, diz o
universitário, companheiro do sargento.
“Houve um pouco de atraso porque a União pediu também dilação do prazo
para execução, mas hoje já está tudo certo e o A. foi reconhecido como
companheiro do J. E. Ele pegou a carteirinha e agora está com todos os
direitos, como se fosse um casal heterossexual”, diz a advogada do militar,
Laurecília de Sá Ferraz.
O Comando Militar do Nordeste confirmou que o estudante foi registrado
como dependente e o documento foi entregue na quarta-feira.
Sargento se separou em 2000
O sargento J.E.S. era casado com uma mulher até 2000, quando se
separou para namorar o estudante A.E.V.S., de 21 anos. Mesmo com a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) de 2011, que equiparou casais homossexuais aos
heterossexuais, ele teve o pedido negado, e o processo estava parado no
Exército desde 2012.
O sargento precisou recorrer à Justiça para que o companheiro fosse
incluído no cadastramento previdenciário e no sistema de saúde militar.
Segundo o Exército, há um outro pedido de cadastro homoafetivo sob
análise, de um militar de outro estado. Em junho, a Força Aérea Brasileira
reconheceu o casamento homossexual de um sargento de 29 anos que trabalha como
controlador de voo em Recife e aceitou o pedido dele para cadastrar como
dependente o marido, um vendedor de 35 anos. O reconhecimento garante
benefícios, como moradia à família.
Fonte: G1.
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