Adolescente com HIV deixa de apresentar sintomas 12 anos após interromper tratamento


Uma jovem francesa infectada com HIV no nascimento está vivendo com boa saúde mesmo 12 anos após parar de tomar antirretrovirais, segundo pesquisadores do Instituto Pasteur de Paris.

A informação é do site da Nature, a mais conceituada publicação científica do mundo.

Este é o caso de maior duração conhecido pela ciência de uma paciente soropositiva vivendo sem apresentar sintomas ou crescimento da carga viral após deixar o tratamento.

Segundo a Nature, o caso reforça o corpo de estudos que indicam os benefícios de se iniciar o tratamento o quanto antes. Nesta terça-feira (21), a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que irá recomendar o controle da HIV logo após o diagnóstico.

Atenção! Isso não quer dizer, DE FORMA ALGUMA, que o tratamento antirretroviral seja dispensável.
A esmagadora maioria de pacientes com HIV que pausam o tratamento sofrem com o aumento imediato da carga viral em níveis que, se mantidos sem tratamento, podem levar à morte.

No entanto, existe um minúsculo número de casos de pacientes que, após serem tratados logo no início da infecção, abandonaram a medicação e não apresentaram sintomas imediatos.

É a chamada remissão, quando a doença é tratada logo no surgimento da infecção e o vírus, apesar de não desaparecer do organismo, deixa de se proliferar durante um período, mesmo sem medicação.

"Temos muitas crianças que foram tratadas durante anos, pararam de se tratar e a doença voltou, então a mensagem global é que as crianças devem permanecer no tratamento", disse Deborah Persaud, virologista do hospital Johns Hopkins.

Em 2013, Deborah reportou um caso de remissão que ficou conhecido pelo nome de Mississippi baby: uma bebê que passou dois anos sem apresentar sintomas até que os problemas retornaram quanto ela tinha quatro anos.

Assim como o Mississippi baby, a jovem francesa foi infectada pela mãe no momento do nascimento. No entanto, há diferença entre os dois casos.

O bebê americano começou a ser tratado trinta horas após o nascimento com um conjunto de medicamentos.

Já a jovem francesa recebeu tratamento parcial -- com apenas uma das drogas do coquetel, o zidovudine -- com seis semanas, e só começou a tomar antirretrovirais combinados com três meses, quando sua carga viral disparou.

Ou seja, mesmo tendo começado o tratamento mais tarde, a jovem teve um período de remissão muito superior ao Mississippi baby.

Aos seis anos, sua família decidiu descontinuar seu tratamento. Doze anos depois, a menina ainda apresenta boa saúde.

A jovem francesa também não possui os mesmos marcadores genéticos do 1% de soropositivos que consegue controlar a carga viral naturalmente.


Este grupo, chamado de "controladores de elite", mantém a carga viral controlada mesmo sem o tratamento e, mesmo infectados por HIV, não desenvolvem a Aids.

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