E, por falar em morte, soube hoje que morreu Tio Jamaica (chamava ele de Rastafári)...

Que vergonha para mim...é o que eu digo sempre...não pensem que sou blogueiro profissional. Também não brinco de ser blogueiro. Na verdade, sou blogueiro das horas vagas. Passou batido para mim a morte de "Tio Jamaica", personagem folclórico da cidade do Carpina. Parece que estou vendo-o pelas ruas da cidade, pedindo um cigarro aqui e ali, por vezes pedindo dez centavos, figura ímpar com seus cabelos e todo o corpo sujos, voz mansa, chamando todos de tio. Ah! Meu velho Rastafári! Quem me dera que, na minha pseudo-sanidade eu pudesse ter antes sentido a tua falta, quando transitara eu, após aquele dia 15 e até este dia 22...trágico dia 15, "Tio Jamaica"! Te foste! Alguns diriam, em tom arrogante: "- Já vais tarde! Não farás falta!" - Quão loucos os sãos que assim disseram (se disseram)... Sim, pois gente como tu, Tio Jamaica não morre! Fica na lembrança dos que te prezam. E te ajudaram. E foram ajudados por tua loucura. Sim, por que das tantas vezes em que eras flagrado discutindo com um inimigo para muitos invisível (Em frente ao banco do Brasil, lembro-me bem.), era contra a injustiça que tu gritavas. Talvez fora por causa da ignorância dos sãos  que tu assim gritavas. Contra aqueles que te viam e fugiam de ti. Contra o poder público, privado e misto, que faziam pouco caso de tua fome, de tua sede e de tua vontade de apenas fumar um cigarrinho, tranquilo. Deitaste. Não como aquelas sonecas que davas no puro estilo vagabundo, que tantos invejam. Nos abrigos de ônibus. Nas praças. Embaixo das marquises. Locais pouco invejados. Agora sei que já estás em uma outra dimensão. Mesmo que seja aquela dimensão em que a consciência (ou a fantasia, em teu caso) se dissolve, perece, apodrece tal qual a matéria. O que importa é que, enfim encontraste algo que, ao meu ver, é melhor do que isso aqui.

Filosofei!

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