Gilmar Mendes questiona doações feitas a petistas condenados
Em carta enviada ao senador petista Eduardo Suplicy (SP), o ministro
Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), faz duras críticas às
campanhas criadas na internet para arrecadar doações para o pagamento das
multas de filiados do PT condenados no processo do mensalão. Segundo o
magistrado, essas iniciativas “sabotam e ridicularizam” o cumprimento das
penas.
No texto, disponibilizado pelo Blog do Camarotti, Gilmar Mendes
afirma que a “falta de transparência” na arrecadação desses valores torna ainda
mais “questionáveis” os sites lançados por simpatizantes de José Dirceu,
Delúbio Soares e José Genoino.
No dia 4 de fevereiro, durante ato em defesa do ex-deputado João Paulo
Cunha, Suplicy revelou a jornalistas ter feito doações a Genoino e Delúbio, mas
não mencionou os valores. Na ocasião, o senador do PT disse que gostaria de
ouvir explicações de Gilmar Mendes sobre os motivos de o magistrado ter
levantado suspeitas sobre as doações. No mesmo dia, o magistrado havia cobrado
que o Ministério Público investigasse a arrecadação promovida por aliados dos
condenados do PT.
Na mesma semana, Suplicy enviou uma carta a Gilmar Mendes na qual afirmou
que as doações foram legais e que o ministro não poderia colocá-las sob
suspeita.
Na resposta enviada a Suplicy, o magistrado da Suprema Corte ressalta que
não é contrário “à solidariedade a apenados”.
Mendes escreve ainda que tem certeza que Suplicy “liderará o
ressarcimento ao erário público das vultosas cifras desviadas”. Ele, no
entanto, reclama que os organizadores das campanhas dos petistas condenados na
ação penal usaram sites hospedados no exterior para dificultar a fiscalização
por parte das autoridades brasileiras.
“A falta de transparência na arrecadação desses valores torna ainda mais
questionável procedimento que, mediando o pagamento de multa punitiva fixada em
sentença de processo criminal, em última análise sabota e ridiculariza o
cumprimento da pena – que a Constituição estabelece como individual e
intransferível – pelo próprio apenado, fazendo aumentar a sensação de
impunidade que tanto prejudica a paz social no país”, escreveu Gilmar Mendes na
carta.
Procurada pelo Blog do Camarotti, a assessoria de Suplicy informou que o senador
viajou para o Irã nesta sexta (14) e ainda não tem conhecimento do conteúdo da
carta. Porém, funcionários de seu gabinete já encaminharam, por e-mail, o
conteúdo da mensagem reproduzida no Blog, ligado às Organizações Globo. De acordo com assessores do
parlamentar de São Paulo, o documento original ainda não chegou ao gabinete de
Suplicy.
O gabinete do ministro Gilmar
Mendes informou ao Blog do Camarotti que a carta foi encaminhada e recebida pelo gabinete do
senador Eduardo Suplicy ainda na noite do dia 12 de fevereiro.
Fonte: G1
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