CFM Lamenta a morte do ex-ministro e médico Adib Jatene



O Conselho Federal de Medicina (CFM), em nome dos 400 mil médicos brasileiros, manifesta pesar e solidariedade à família, aos amigos e aos admiradores do médico e ex-ministro da saúde Adib Jatene. Reconhecido pela luta incansável em prol de uma assistência de qualidade, o cirurgião torácico, cardiologista e inventor de métodos e equipamentos morreu na noite de sexta-feira (14), em São Paulo, vítima de infarto agudo do miocárdio.
Em 22 de setembro deste ano ele havia sido internado também após sofrer um infarto. Em maio de 2012, o médico já havia sido internado com dores no peito e passado por um cateterismo. No procedimento, ele precisou colocar um stent (prótese metálica para a desobstrução de artérias). O velório será realizado no anfiteatro do Hospital do Coração de São Paulo neste sábado (15), onde Jatene era diretor-geral. Ele deixa quatro filhos – os também médicos Ieda, Marcelo e Fábio, além da arquiteta Iara – e a mulher Aurice Biscegli Jatene.
Em 2012, Jatene recebeu do CFM a “Comenda Sérgio Arouca”, outorgada pela autarquia àqueles que se destacam por suas relevantes contribuições à Medicina e à Saúde Pública ao longo de suas trajetórias pessoais e profissionais.
Médico e ministro
Acriano de Xarupi, Jatene era filho de um seringueiro libanês e de uma dona de armarinho. Quando criança, a família se mudou para Uberaba, em Minas Gerais, e, depois, para São Paulo. Na capital paulista, estudou na Universidade de São Paulo (USP), formando-se aos 23 anos pela Faculdade de Medicina. A residência e pós-graduação foram feitas no Hospital das Clínicas da mesma faculdade, sob a orientação do professor Euríclides de Jesus Zerbini (1912-1993), pioneiro dos transplantes de coração no país.
Com mais de 20 mil cirurgias no currículo, se destacou também por ter sido o primeiro a realizar a cirurgia de ponte de safena no Brasil e por ter inventado aparelhos e equipamentos médicos. Em Uberaba (MG), lecionou Anatomia Topográfica da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Neste período, construiu seu primeiro modelo de coração-pulmão artificial. Em São Paulo, trabalhou no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e como cirurgião no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde.
Na política, apesar de não ter se filiado a partidos, atuou como secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), no governo de Paulo Maluf, e duas vezes como ministro, na mesma área, nas gestões Fernando Collor (1992, por oito meses) e Fernando Henrique Cardoso (1995-1996, por 22 meses). No governo de FHC, criou a Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), para ajudar a financiar a saúde brasileira, e deu continuidade ao projeto dos medicamentos genéricos e ao programa de combate à Aids. Foi membro da Academia Nacional de Medicina e autor e co-autor de cerca de 700 trabalhos científicos publicados na literatura nacional e internacional.
Membro da Academia Nacional de Medicina, é autor e coautor de cerca de 700 trabalhos científicos publicados na literatura nacional e internacional. Também fez parte de mais de 30 sociedades científicas de várias regiões do mundo e recebeu quase duas centenas de títulos e honrarias em vários países.

Nos últimos anos, dedicava-se à luta por um ensino médico de qualidade no Brasil. Como responsável por uma comissão criada no âmbito do Ministério da Educação, visitou dezenas de escolas médicas, avaliando suas estruturas e, em muitos casos, recomendando a aplicação de sanções a esses estabelecimentos.

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