Feliciano chama homossexualidade de 'modismo' ao falar com 'ex-gays'



Alvo de protestos por conta de declarações polêmicas envolvendo homossexuais, o ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Marco Feliciano (PSC-SP) classificou nesta quarta-feira (24) a homossexualidade de "modismo" durante uma audiência pública com pessoas que se consideram "ex-gays". O encontro, proposto pelo próprio Feliciano, reuniu no Legislativo, além de parlamentares, ativistas da causa LGBT e pessoas ligadas à bancada evangélica.
Em meio à sessão, o deputado do PSC defendeu o debate com os "ex-gays" como uma maneira de reduzir o preconceito tanto entre grupos héteros quanto na comunidade LGBT. Composta majoritariamente por deputados com postura mais conservadora, a audiência pública foi boicotada por parte dos parlamentares historicamente ligados às bandeiras dos movimentos sociais.
O plenário da Comissão de Direitos Humanos ficou lotado durante a audiência pública. Cinco pessoas convidadas pelos integrantes do colegiado relataram como começaram a se relacionar com pessoas do mesmo sexo. Todos contaram ter sofrido abusos na infância ou problemas de relacionamento com os pais na adolescência, e defenderam que ninguém “nasce gay”, mas que o comportamento é determinado pela sociedade.
Marco Feliciano negou, diante dos colegas da comissão, que sua proposta de ouvir pessoas que se autodenominam "ex-gays" seja uma tentativa de reacender o debate sobre a chamada “cura gay”. “Não existe cura, porque não é doença”, enfatizou.
Em 2013, ano em que presidia a Comissão de Direitos Humanos, o deputado do PSC colocou em discussão um projeto, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), que pretendia autorizar o tratamento, por psicólogos, da homossexualidade. Depois de o texto ser criticado inclusive nas manifestações de junho de 2013, os deputados decidiram arquivar a proposta.
Convidado a participar da audiência pública desta quarta-feira, o vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Rogério de Oliveira Silva, defendeu a resolução da entidade, de 1999, que disciplina a atuação dos profissionais da categoria e proíbe que psicólogos empreguem “tratamento e cura" da homossexualidade.

Os 'ex-gays'

Entre as pessoas convidadas a palestrar na audiência pública da Comissão de Direitos Humanos havia quatro pastores e uma estudante de psicologia que se autodeclaram "ex-gays". Uma missionária, mulher de um dos pastores, também deu seu relato aos deputados.
Durante o encontro, o pastor Joide Pinto Miranda contou que foi travesti por muitos anos, inclusive no exterior, mas, segundo ele, sempre viveu em conflito.
A estudante de psicologia Raquel Beraldo também relatou ser ex-gay. Ela disse, entretanto, que atualmente está casada com um homem.
Ao final da audiência, o vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia alertou para o que ele chamou de “estratégia” para reacender o debate no Congresso sobre a “cura gay” e derrubar a resolução do conselho. “O que está colocado aqui é uma estratégia de um grupo de deputados que querem reacender esse debate para derrubar essa resolução que trata da forma como nós, da psicologia, entendemos que o exercício deva ser colocado”, disse.



Ele ponderou que a psicologia “acolhe toda forma de sofrimento” e acusou grupos mais conservadores de quererem “moldar o mundo a sua convicção religiosa ou ideológica”.  “A psicologia não pode coadunar com isso”, afirmou

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