Presidente da Amupe, José Patriota, discute crise nos municípios
Prefeitos de vários municípios pernambucanos se reuniram
no Recife, na manhã desta
terça-feira (22), para discutir a situação das prefeituras diante da crise
econômica. Eles afirmam que as receitas municipais e os repasses federais
diminuíram e já não dão conta de todos as despesas das prefeituras. Por isso,
discutiram possibilidades de contenção de gastos e decidiram pela realização de
um ato de protesto, no dia 26 de outubro.
Os gestores realizarão campanhas de esclarecimentos à população
sobre as contas municipais, para explicar como a maioria dos programas federais
são subfinanciados e as perdas com o
Fundo de Participação dos Municípios (FPM). De acordo com a Associação
Municipalista de Pernambuco (Amupe), somente com as
desonerações do IPI, os municípios deixaram de receber, entre 2008 e 2014, a
soma de R$ 121,4 bilhões. Em Pernambuco, a perda foi da ordem de R$ 6,05
bilhões.
O ato de protesto acontecerá no Recife no dia 26 de outubro,
reunindo todos os municípios e suas caravanas, a partir das 9h. O ponto de
partida será a Praça Oswaldo Cruz, com caminhada pela Avenida Conde da Boa
Vista até a Assembleia Legislativa do
Estado. Nesse dia, as prefeituras estarão fechadas, assim como todos os
serviços, exceto hospitais e serviços essenciais de saúde.
O encontro aconteceu na sede da Amupe,
na Zona Oeste da capital, e também contou com a presença de representantes da
Confederação Nacional de Municípios (CNM). A Amupe
explica que os prefeitos estão sendo penalizados pelos cortes de repasses
federais. “Se o bolo nacional caiu, como podemos manter o mesmo serviço com
menos dinheiro? Quem paga pela crise é a população, que tem os serviços
afetados. Mas a população coloca logo a culpa no prefeito, que está mais
próximo dela”, afirma o presidente da Amupe,
José Patriota, que é prefeito de Afogados da Ingazeira.
O problema, segundo Patriota, é que os prefeitos precisaram
diminuir o orçamento porque não recebem mais o montante necessário para fechar
as contas no final do mês. “O Governo Federal fica com 60% dos repasses, o
estado com 25% e os municípios com 15%, mas 80% das obrigações ficam com os
municípios”, reclama.
Além disso, segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), muitos
programas federais estão subfinanciados. “Uma equipe de
Saúde da Família, por exemplo, custa R$ 32,5 mil por mês. Mas Brasília repassa
apenas apenas R$ 10,7 mil. Então o
município precisa arcar com cerca de R$ 20 mil por mês para colocar uma equipe
de saúde da família na rua”, conta o consultor da CNM, Eduardo Staranz.
De acordo com os prefeitos, ainda há cortes em diversos setores
e isso atinge serviços como a merenda e o transporte escolar. “Tivemos que
diminuir salários, cortar pessoal, atrasar pagamentos. Obras também foram
paralisadas. Às vezes, falta dinheiro até para o básico, como os remédios dos
postos de saúde”, afirma Patriota.
Governo estadual
O secretário estadual da Fazenda, Márcio Stefanni,
também participa da reunião para explicar como as prefeituras podem ser
afetadas pelo pacote de aumento de impostos enviado pelo Governo do Estado
à Assembleia
Legislativa de Pernambuco (Alepe) na segunda-feira
(21).
Stefanni
reconheceu que o pacote é impopular, mas necessário para evitar o corte de
serviços básicos. Ele ainda acalmou os prefeitos dizendo que os municípios não
foram esquecidos na elaboração desse projeto. “Sabemos que aumento de impostos
é uma medida impopular e antipática. Mas mais antipático que aumentar imposto é
fechar serviço. Masnós pensamos nos
municípios. Cerca de 25% desse pacote irá para os municípios”, afirmou
Fonte: G1
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