Manifestantes anti-copa e rolezeiros do Recife


Por aproximadamente 20 minutos, os cem manifestantes que realizaram uma caminhada, neste sábado (25), no Recife, entraram no Shopping Riomar, no bairro do Pina, para demonstrar insatisfação com a realização da Copa do Mundo no Brasil. Aos gritos de "Não vai ter Copa" e "Povo revoltado, violento é o Estado", eles levaram as faixas que seguraram durante toda a passeata para o terceiro andar do centro de compras. Muitos usavam máscaras ou peças de roupa amarradas ao rosto.
A maioria das lojas chegou a ser fechada e as escadas rolantes foram desligadas. Alguns clientes ficaram assustados e tentaram correr, apesar dos pedidos da segurança para que não o fizessem. Outros consumidores, no entanto, apenas observaram a manifestação, registrando em fotos e vídeos através de celulares.
A assessoria de comunicação do Shopping Riomar informou que não vai divulgar o valor de possíveis danos. Os manifestantes saíram do centro de compras sem conflitos. Ninguém se feriu.
O grupo que chegou ao Riomar se concentrou mais cedo, no Parque Treze de Maio, onde  fizeram faixas e cartazes, desde as 15h. "Nosso principal objetivo aqui é conscientizar s população sobre o legado negativo que a Copa vai trazer. Não sou hipócrita de dizer que só trará coisas ruins, mas para a população brasileira, o lado ruim será enorme", comentou o professor Rodrigo Ramos, 24 anos, integrante da Frente Independente Popular (FIP) e um dos participantes do ato.
A Polícia Militar acompanhou com 20 soldados e equipes da Patrulha do Bairro; a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) orientou o trânsito.

O protesto seguiu pela Rua do Hospício até chegar à Avenida Conde da Boa Vista. Depois de uma pequena parada no cruzamento com a Rua da Aurora, os manifestantes seguiram pelo outro sentido da avenida, em direção ao Derby. Nos principais cruzamentos -- ruas Gervásio Pires, da Soledade e Gonçalves Maia -- o grupo sentava no asfalto por alguns minutos.
Já na Agamenon Magalhães, o grupo seguiu em caminhada em direção à Zona Sul. Uma equipe em um carro da CTTU seguiu na frente dos manifestantes, para abrir a passagem. Os PMs ajudaram a parar o trânsito e a conter os motoristas. Motociclistas desceram de seus veículos e seguiram a pé.
Depois de fazer uma parada no relógio que conta o quanto falta para a Copa do Mundo, no Cabanga, o grupo seguiu pelo viaduto Capitão Temudo. A negociação realizada pela PM resultou na liberação de duas faixas da avenida.

No começo da tarde, o Shopping Riomar já tinha recebido outro protesto. Um rolezinho marcado através do Facebook reuniu cerca de dez pessoas, algumas ligadas ao Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe. Um manifesto contra o racismo foi lido na entrada principal do centro de compras. O vendedor Ricardo Santos apoiou a manifestação. "Acho válido, eles falam coisas interessantes. Me acho negro e sinto essa discriminação também", comentou.

O grupo se revezou no megafone explicando os objetivos do ato aos clientes do shopping. "O que está acontecendo é a concentração do rolezinho, marcado pelo Face, como uma expressão dos que estão acontecendo no país. A juventude negra da periferia quer ter acesso ao shopping, que é para eles uma expressão de lazer e descontração. Não queremos fazer arrastão ou roubar, queremos desconstruir a ideia que é feita do negro. A gente quer ser respeitado, fazer rolezinhos em teatros também e outros espaços culturais. Tudo isso é negado para os jovens negros", disse Janaina Oliveira, uma das manifestantes.

Os jovens caminharam por dentro do shopping. Algumas lojas fecharam parcialmente ou totalmente as portas, com alguns clientes chegando a ficar dentro dos estabelecimentos por alguns minutos. O assistente de TI Jorge Gomes foi um dos consumidores que ficaram retidos dentro de uma loja, momentaneamente. "Fiquei constrangido pela atitude da loja, que achei errada, pois o ato é pacífico e todo mundo é pacífico", disse.
A superintendência do shopping interviu junto aos gerentes das lojas, para que todas fossem reabertas, uma vez que a orientação era de que o centro de compras funcionasse normalmente. No andar térreo, os manifestantes fizeram uma ciranda e encerraram o ato, agradecendo a postura assumida pelo shopping.
Shopping orientou lojistas a abrirem as portas normalmente, mesmo com presença de manifestantes.
Fonte: G1

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